domingo, 22 de janeiro de 2012

IDE E FAZEI DISCÍPULOS ENTRE TODAS AS NAÇÕES!

“A Jornada Mundial da Juventude em Madrid renovou nos jovens o chamado a serem o fermento que faz a massa crescer, levando ao mundo a esperança que nasce da fé. Sede generosos ao dar um testemunho de vida cristã, especialmente em vista da próxima Jornada no Rio de Janeiro”.

Essa convocação foi feita pelo Papa Bento XVI no anúncio do lema da Jornada Mundial da Juventude Rio2013: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19), durante a audiência geral no dia 24 de agosto.

Na ocasião a catequese foi dedicada a JMJ 2011, que havia terminado no dia 21 do mesmo mês. Bento XVI recordou com carinho a participação e a alegria dos cerca de dois milhões de jovens em Madrid, ao que ele chamou de “uma formidável experiência de fraternidade, de encontro com o Senhor, de partilha e de crescimento na fé: uma verdadeira cascata de luz.”

Por isso é tão importante que os jovens do Brasil e do mundo assumam desde agora esse chamado à missão e participem da Jornada como testemunhas vivas do Cristo.

Para o padre Geraldo Dondici Vieira, diretor do Departamento de Teologia da PUC-Rio, esse é um lema para ser guardado no coração, refletido e meditado. “Esse tema, de fazer discípulos, de chamar outros discípulos para a comunhão e o convívio com o Senhor, é o tema mais querido do Evangelho de Mateus. Esse mandato, essa missão já está anunciada em todo o Evangelho. E, na verdade, só faz discípulo quem já é discípulo, quem convive com o Senhor”, afirmou o sacerdote.

Padre Dondici ressalta que esse testemunho e o próprio anúncio do Cristo, são grandes desafios pra juventude, que vive em um mundo plural, com milhares de informações, seja através das escolas, lazer, internet, especialmente no contato com as redes sociais, como o facebook, twitter: “Com essas mil participações, ele, jovem discípulo, é chamado a plantar no coração de quem ele encontrar, com quem ele se comunicar, o desejo de ser discípulo de Jesus”.

“O que ganha o discípulo de Jesus? Ganha a pertença ao reino, ganha a certeza do amor de Deus, ganha a certeza de ser para os outros sinal de misericórdia e de amor. Ganha o levar e doar a paz do Senhor. São esses frutos e dons que o mundo muito precisa. O perdão, a misericórdia, a paz é que irão diminuir na sociedade, no mundo de hoje, a violência, a guerra, a corrupção, a maldade, tudo aquilo que tira a possibilidade do jovem crescer e colocar toda a sua riqueza e vitalidade a serviço da humanidade”, afirmou.

No mandato final do texto de Mateus – “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” –, explicou o padre, está um grande sonho antropológico de todos, de que o contato com o Senhor, a amizade com Ele, desperte o que cada um tem de melhor em si mesmo.

“Vivemos em um mundo onde há muitos desperdícios, perdas humanas, por falta de chance. O convívio com o Senhor desperta o que temos de melhor. O anúncio ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ é um anúncio para a vida toda. Em nenhum momento podemos fazer um intervalo dele, porque ele supõe que aquele que é amigo do Senhor, pela sua vida, pelo seu estar no mundo, comunique aos outros a luz, a beleza e a alegria de ser discípulo do Senhor. Essa é a missão que a nossa Igreja precisa. Muitas vezes estamos paralisados e perplexos diante de um mundo que avança meio loucamente, e nesse mundo nós temos a presença do Senhor que nos escolheu, que escolheu o jovem para ser sinal do amor e da alegria Dele no mundo”, concluiu.


SERVI AO SENHOR COM ALEGRIA!

ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA SER VOLUNTÁRIO NA PRÓXIMA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE (JMJ) QUE SERÁ REALIZADA AQUI NO RIO DE JANEIRO EM 2013

Temos agora a oportunidade de fazer essa palavra do salmista se tornar uma realidade. Todos os que na sua vida fizeram uma experiência profunda do amor de Deus são chamados a compartilhá-la com os seus irmãos e o devem fazer no serviço, buscando o exemplo de nosso Senhor.

Na ação de cada um dos voluntários que atuarão na Jornada Mundial da Juventude Rio2013 queremos manifestar a presença do Cristo servo, que nos disse: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. Como canais da graça de Deus eles estarão nos diversos serviços e postos, não para serem servidos, mas para servir.

Você também é chamado a partilhar seus dons e construir conosco a JMJ.

Seja voluntário. Preencha o cadastro abaixo e faça parte deste sonho do coração de Deus.

Padre Ramon Nascimento Responsável pelo Setor de Voluntários
“Se alguém tem o dom do serviço o exerça como dom dado por Deus” (1Pd 4, 11b)

http://www.rio2013.com/pt/participe


O que é a Igreja Brasileira, ou Igreja Católica Brasileira?

A Igreja Católica Apostólica Brasileira ou “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras” (ICAB), têm lançado confusão no público, pois pretendem guardar a aparência de Igreja Católica e facilitam a praxe religiosa dos seus seguidores. – Daí a conveniência de uma análise precisa do fenômeno.


1. Origem da ICAB

A “Igreja Católica Apostólica Brasileira” (ICAB) tem como fundador D. Carlos Duarte Costa. Este nasceu aos 21 de julho de 1888 no Rio de Janeiro e recebeu a ordenação sacerdotal a 1º de abril de 1911. Aos 4 de julho de 1924 foi nomeado bispo de Botucatu (SP). Pouco feliz foi o governo do novo prelado, que se viu envolvido em questões de mística desorientada (devoções pouco condizentes com a reta fé); também enfrentou problemas de administração financeira e de embates políticos. Em conseqüência foi afastado de sua diocese e nomeado bispo titular de Maura (na Mauritânia, África Ocidental); fixou então residência no Rio de Janeiro. Em breve, porém, D. Carlos viu-se a braços com novas lutas: em 1942 o Brasil entrou em guerra contra o nazi-fascismo; nessa ocasião o bispo apelou publicamente para o Presidente da República a fim de que interviesse na Igreja e expulsasse bispos e sacerdotes “fascistas, nazistas e falangistas”; acusou a Ação Católica de espionagem em favor do totalitarismo da direita; prefaciou elogiosamente o livro “O Poder Soviético” de Hewlet Johnson e atacou por escrito as Forças Armadas do Brasil. Em conseqüência, foi preso como comunista e enviado a uma cidade de Minas Gerais, onde permaneceu na qualidade de hóspede.

Diante dos rumores que se propagavam em torno da pessoa de D. Carlos, as autoridades eclesiásticas procuraram apaziguá-lo. Como isto não desse resultado, D. Carlos em 1944 foi suspenso de ordens, isto é, perdeu a autorização para exercer as funções do sagrado ministério. Esta medida de nada serviu; por isto D. Carlos foi excomungado aos 6 de julho de 1945; neste mesmo dia resolveu fundar a sua Igreja, dita “Igreja Católica Apostólica Brasileira”. Em vista desta atitude, o Santo Ofício declarou D. Carlos excomungado vitandus (= a ser evitado) aos 3 de julho de 1946.

Um dos primeiros atos públicos da ICAB foi a fundação do “Partido Socialista Cristão”, sob a orientação de D. Carlos. Este chegou a apresentar um candidato à presidência da República, o qual, porém, se desentendeu em breve, ficando fracassado o novo Partido.

D. Carlos promoveu direta ou indiretamente a ordenação de numerosos “bispos” e “presbíteros”, cuja formação doutrinária e cultural era precária. O infeliz prelado veio a falecer aos 26 de março de 1961; terminou a vida de maneira desvairada, obcecado por paixões, que se exprimiam em injúrias através do seu jornal “LUTA”. Todavia um Concílio Nacional da ICAB, aos 6 de julho de 1970, chegou a atribuir-lhe o título de “Santo”: “São Carlos Duarte”!

2. Doutrina e atuação da ICAB

Em matéria de doutrina, a ICAB procura reproduzir a da Igreja Católica, excluindo (como se compreende) o primado de Pedro… A sua mensagem teológica é muito diluída, visão que os seus orientadores pouco estudam. Vários destes são homens que tentaram chegar ao sacerdócio na Igreja Católica, mas, por um motivo ou outro, não o conseguiram; então passaram-se para a ICAB, onde o estudo e o acesso às ordens sagradas lhes foram extremamente facilitados. Infelizmente nota-se nos membros da hierarquia e nos fiéis da ICAB certo oportunismo, ou seja, a procura de atender a interesses pessoais: ordenação “sacerdotal” ou “episcopal”, lucros financeiros mediante celebração do culto, “casamento” facilitado em favor de pessoas já casadas, “batizados” sem preparação dos pais e padrinhos… Dir-se-ia que a ICAB procura adeptos a todo e qualquer preço; lê-se, por exemplo, na Lista Telefônica de assinantes classificados do Rio de Janeiro:

“ICAB, Igreja Católica Apostólica Brasileira, Paróquia São Jorge: casamento com ou sem efeito civil de pessoas solteiras, desquitadas e divorciadas. Crismas. Consagrações. Também em residências ou Clubes Realengo, Piraquara”.

Dado que a ICAB se adapta às diversas oportunidades de crescer, há atualmente muitos ramos da mesma independentes uns dos outros, o que sugere a denominação “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras” em vez de “Igreja Brasileira”.

O que dá certo êxito a essa corrente religiosa, são os dois seguintes fatores:

1) A reprodução dos ritos e a conservação dos símbolos (inclusive da linguagem) da Igreja Católica. Muitas pessoas não conseguem distinguir entre a Igreja Católica e a Igreja Brasileira. Parece haver a intenção de guardar em tudo as aparências da Igreja Católica entre os responsáveis das Igrejas Brasileiras.

2) O procedimento facilitário e oportunista dos mentores da ICAB. Esta não apresenta normas definidas de Direito Eclesiástico, de modo que os seus ministros são capazes de “legitimar” religiosamente qualquer situação ilegal daqueles que os procuram. Este comportamento facilitário é, naturalmente, fonte de dinheiro, pois a ICAB sabe prevalecer-se da generosidade dos fiéis. A exploração se torna ainda mais fácil em virtude da ignorãncia religiosa de muitos cidadãos brasileiros.

A falta de estrutura doutrinária e disciplinar das Igrejas Brasileiras lhes tira a coesão desejável e faz que não tenham quase significado no cenário público do Brasil; apesar disto, conseguem penetrar dentro da população desprevenida da nossa Pátria, favorecendo o ecleticismo e solapando a vitalidade religiosa de muitos católicos.

A propósito pergunta-se:

3. Qual a validade dos ritos da ICAB?

Respondemos em três etapas:

3.1. A eficácia dos Sacramentos

a) Um sacramento é um rito mediante o qual Cristo comunica as graças da Redenção ex opere operato, ou seja, desde que o ministro respectivo aplique a matéria (água, pão, vinho, óleo) e a forma devida (as palavras que indicam o efeito da matéria).

b) Os sacramentos não são eficazes ou não conferem a graça em virtude da santidade do homem (sacerdote, bispo) que os administra mas sim por ação do próprio Cristo, que se serve do homem como instrumento de sua obra redentora. Todavia, para a validade do sacramento, requer-se que:

- O ministro tenha sido validamente ordenado padre ou bispo;

- Tenha, ao administrar o sacramento, a intenção de fazer o que Cristo queria que fosse feito, ou a intenção de se identificar com as intenções de Cristo, Sumo Sacerdote.

3.2. Que diz a ICAB?

Os adeptos da ICAB afirmam que

- Seus ministros foram validamente ordenados padres e bispos, pois receberam a sucessão apostólica das mãos de D. Carlos Duarte Costa, que foi verdadeiro bispo da Igreja Católica, sagrado por D. Sebastião Leme. Embora Dom Carlos se tenha separado da Igreja Católica, conservou o caráter episcopal perenemente impresso em sua alma

- D. Carlos e os bispos que ele ordenou sempre fizeram questão de transmitir as ordens sacras segundo o ritual exato adotado pela Igreja Católica (usando mesmo o latim em algumas ocasiões);

- As missas, os batizados e outros ritos ocorrentes nas cerimônias de culto da ICAB obedecem estritamente à essência do Ritual sempre vigente na Igreja Católica.

Por conseguinte, concluem os ministros da ICAB, a Igreja Brasileira possui autênticos bispos e presbíteros, e ministra validamente os sacramentos.

3.3. E que diz a Igreja Católica?

a) Embora os ministros da Igreja Brasileira apliquem exatamente a matéria e a forma de cada sacramento, falta-lhes algo de essencial para que seus sacramentos sejam válidos, isto é, a intenção de fazer o que Cristo quis fosse feito. Na verdade, os ministros da ICAB, mediante os seus ritos, intencionam criar e desenvolver uma “Igreja” separada da única Igreja fundada por Cristo; tal “Igreja” nova já não professa as verdades do Credo Apostólico, mas se entrega ao ecleticismo religioso: protestantes, espíritas, maçons e comunistas podem ser igualmente membros da ICAB. Sim; a revista “A Patena”, revista da “diocese da Baixada Fluminense” da ICAB, em seu nº 3 de 1971, 4ª capa, diz que a Igreja Brasileira “religiosamente é católica, porque aceita em seu grêmio cristãos de qualquer mentalidade, sem repelir os que sejam ou se digam protestantes, espíritas, maçons, católicos-romanos etc.”. Isto significa que a Igreja Brasileira vem a ser uma sociedade filantrópica, humanitária, mas já não tem a mensagem religiosa definida que o Cristo confiou ao mundo e que o Símbolo de fé apostólico professa.

Donde se vê que a ação dos ministros da ICAB carece daquela intenção que é essencial para a validade dos sacramentos: a intenção de fazer o que Cristo faz mediante os sacramentos.

b) Já que a ICAB se ramificou, dando origem a múltiplas “Igrejas”, Ordens e Irmandades independentes, já não se pode saber até que ponto nas denominações “católico-brasileiras” se conserva a fidelidade aos ritos sacramentais; com o tempo as arbitrariedades e os desvios facilmente se introduzem nas pequenas comunidades. Em conseqüência, a Igreja Católica não reconhece as ordenações conferidas pela ICAB, muito menos reconhece a autenticidade das Missas e dos sacramentos celebrados pela ICAB.

4. Observações Finais

A Igreja fundada por Cristo (cf. Mt 16,16-19) é Católica (aberta a todos os homens), Apostólica (baseada sobre a ação missionária dos doze Apóstolos) e Romana, isto é, governada visivelmente por Pedro e seus sucessores, que têm sede em Roma (como poderiam ter em Jerusalém, Antioquia, Alexandria… se a Providência Divina tivesse encaminhado Pedro e os acontecimentos iniciais da história da Igreja em rumo diverso do que realmente ocorreu).

O título de “Romana” portanto não significa que a Igreja de Cristo esteja presa aos interesses políticos da cidade de Roma ou da nação italiana; nem implica subordinação dos fiéis católicos do Brasil a uma potência estrangeira, mas apenas indica que essa Santa Igreja tem seu chefe visível, instituido por Cristo, na cidade de Roma.

Os fatos atrás apontados evidenciam a urgência de sólida catequese para o povo de Deus no Brasil.

D. Estevão Bettencourt.


Fonte: www.presbiteros.com.br

O mistério dos anjos: quem são eles?

Pe. Françoá Costa

Ao colocar a palavra “anjos” num buscador de internet, é incrível a quantidade de informação que aparece, muitas contaminadas por doutrinas esotéricas. No entanto, é ainda mais curioso quando se busca imagens de anjos: seres fofinhos, bebezinhos; por vezes, afeminados, com bochechinhas vermelhas, asinhas simpáticas etc. Muitos artigos sobre os anjos estão, sem dúvida, contaminadas por doutrinas esotéricas. Inclusive, é possível encontrar um anjo específico para cada dia da semana, entre outras coisas absurdas. No entanto, é preciso dizer que também se encontra muita coisa boa.

Os anjos não são reencarnações, não são homens ou mulheres com asas, não são lugares nos quais se sente a presença de Deus, não são gnomos nem duendes, não são uma espécie de energia, nem tampouco uma fumaça branca. Um dos artigos bons que encontrei em internet foi o de P. B. Celestino que, em relação a isso, dizia: “a humanidade no seu conjunto pa rece obedecer a uma espécie de “lei do bêbado”: depois de uma queda para a direita, procura compen sá-la inclinando-se para a esquerda, e acaba caindo nessa direção. Assim, às épocas de racionalismo exacerbado e míope, seguem-se outras em que proliferam as mais tresloucadas fantasias e crendices, e a doutrina sobre os anjos é das que mais facilmente se prestam a essas deformações. O nosso tempo inclui -se entre as segundas, a julgar pelo número de “caricaturas” deformadas desses seres não-humanos ― sob a forma de duendes, gnomos, espíritos “desen carnados”, deidades e extraterrestres ― que se mistu ram inextricavelmente nas estantes das livrarias e lo jas de bibelôs, bem como nas cabeças de alguns…”

O calendário litúrgico da Igreja Católica celebra duas festas angélicas, no dia 29 de setembro, a festa dos três arcanjos – S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael – e, no dia 2 de outubro, os anjos da guarda. Quem são eles?

Talvez o Concílio da Igreja que mais se dedicou a explicar a doutrina sobre os anjos foi o Concilio de Latrão IV, no ano 1215. Nele se afirmou, num contexto de profissão da fé, que os anjos foram criados por Deus desde o inicio do tempo, também os demônios. No caso dos demônios, o Concilio nos diz que foram anjos criados bons, mas que depois se fizeram maus. Logicamente, houve pronunciamentos magisteriais sobre os anjos antes dessa data, por exemplo, o Papa Zacarias, no ano 745, rejeitou os vários nomes dos anjos, ficando somente com os de Miguel, Gabriel e Rafael porque a Sagrada Escritura só fala desses três. O Concilio de Aix-la-Chapelle, no ano 789, fez a mesma coisa.

O que nos diz a Bíblia sobre os anjos? Bastante. Os dicionários bíblicos dedicam a esse tema varias páginas. Em resumo: anjo vem da palavra grega angelos, que serviu para traduzir a palavra hebraica mal’ak, que – de maneira geral – significa “mensageiro”. Eles são filhos de Deus (Jó 1,6; 2,1), são protetores dos homens (Sl 90,11), moram nos céus (Mt 28,2), são de natureza espiritual (1 Re 22,19-21; Dn 3,86; Hb 1,14). Há anjos bons e anjos maus (Zc 3,1). Existem serafins (Is 6), querubins (Gn 3,24; Ex 25,22; Ez 10,1-20), tronos, dominações, potestades e principados (Cl 1,16), virtudes (Ef 1,21), arcanjos (1 Ts 4,15-16; Judas 9), anjos que cuidam dos indivíduos (Tb 5; Sl 90,11; Dn 3,49s; Mt 18,10). Nos Evangelhos também se lê que eles contemplam o rosto de Deus (Mt 22,30; 18,10) e se alegram pela conversão daqueles que estavam afastados de Deus (Lc 15,10), dizem ainda que eles levaram o corpo de Lázaro ao seio de Abraão (Lc 16,22).

Como se pode ver, as afirmações do Magistério da Igreja estão solidamente apoiadas pela Tradição Escriturística. Com relação aos três arcanjos, acontece a mesma coisa. Gabriel que significa “Deus é força” aparece em Dn 8,16; 9,21; Lc 1,19.26; Miguel que significa “Quem como Deus?” aparece em Dn 10,13.22; 12,1; Jud 9; Ap 12,7; São Miguel é o padroeiro de toda a Igreja; Rafael – “Deus cura” – aparece em Tb 3,25. A distinção mais divulgada de uma hierarquia entre os anjos aparece no livro De coelesti hierarquia – Sobre a hierarquia celeste –atribuído a Dionísio, o Areopagita, entre os séculos IV e V. Nessa obra, os anjos são distribuídos em três ordens, cada ordem formado por três coros, num total de nove coros angélicos: serafins, querubins e tronos fazem parte da primeira hierarquia; dominações, virtudes e potestades, formam a segunda hierarquia dos anjos; os principados, os arcanjos e os anjos estariam na terceira. Todos esses anjos têm – como resume o teólogo francês J. Daniélou – duas funções: louvar a Trindade Santíssima e guardar e defender tudo o que é de Deus.

O Catecismo da Igreja Católica diz que os anjos são criaturas pessoais, ou seja, dotadas de inteligência e vontade; são, ademais, imortais por serem puramente espirituais e superam em perfeição as criaturas visíveis (Cat. 330).

A perfeição dos anjos não permite, no entanto, que eles penetrem nas nossas consciências; temos que manifestar-lhes as nossas necessidades, mas basta falar com eles mentalmente e eles nos entenderão. O fato dos anjos serem pessoas (angélicas) nos faz ver que são capazes de relações de amizade e de fraternidade com as pessoas humanas. Os santos anjos são nossos amigos. Como seria bom se cultivássemos essa amizade frequentemente, conversando com eles, pedindo a sua proteção e agradecendo os seus favores. Nessas angélicas relações amistosas, o nosso anjo da guarda ocupa o primeiro posto, é o anjo que mais deveria ser tratado por nós.

A devoção aos anjos não contradiz a centralidade de Cristo, único Senhor.

Todos os anjos estão ao serviço de Jesus Cristo e é uma honra para eles servir a Cristo e a todos os seres humanos por amor ao Deus Uno e Trino. O Catecismo da Igreja destaca esse serviço humilde e eficaz a Cristo e a toda a Igreja (Cat. 333-335). Os santos foram muito devotos dos anjos. São Josemaría Escrivá, por exemplo, deixava que o seu anjo da guarda contasse o número de orações e mortificações que ele ia fazendo, tinha-o presente nos trabalhos apostólicos que realizava, chamava-o “Relojoeirinho” (porque era muito pontual em despertar-lhe e até consertou-lhe um relógio numa ocasião), dedicava as terças-feiras a tratá-lo mais intensamente, rezava ao anjo da guarda de alguém com quem tinha que conversar ou escrever-lhe uma carta; viu o Opus Dei no dia 2 de outubro de 1928, festa dos anjos da guarda; confiou os diversos trabalhos dessa nova fundação a cada um dos arcanjos. “Caminho”, esse clássico-moderno de espiritualidade, dedica nove pontos seguidos à devoção aos anjos. Como São Josemaría, poderíamos elencar vários outros santos cuja devoção aos anjos nos anima a ser mais amigos desses celestes espíritos.

Os anjos estão presentes na liturgia da Igreja, máxime quando a Santa Missa é celebrada. Os textos litúrgicos fazem referências a esses celestes adoradores de Deus. O “Glória a Deus nas alturas” foi uma oração entoada por eles (cfr Lc 2,13-14). As orações eucarísticas, na sua primeira parte, os prefácios, terminam “com os anjos e os arcanjos e com todos os coros celestiais” cantando o hino da glória de Deus que é o “Santo, Santo, Santo”, hino dos serafins (cfr. Is 6). Na oração eucarística I ou Cânon Romano, a oferenda é levada ao Deus todo-poderoso “per manus sancti angeli”, ou seja, pelas mãos do santo anjo. São Beda dizia que “da mesma maneira que vemos como os anjos rodeavam o corpo do Senhor no sepulcro, devemos crer que estão fazendo a corte a Jesus na consagração”.

Enfim, toda a vida do novo Povo de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, recebe a proteção dos anjos. São Miguel Arcanjo é padroeiro de toda a Igreja. Nós, membros da Igreja, podemos intensificar nos próximos dias a nossa devoção a esses celestiais guardiões da nossa fé, esperança e caridade, do nosso trabalho pela causa de Deus e do nosso caminho rumo ao céu. Sejamos gratos aos nossos anjos da guarda e, sobretudo, agradeçamos ao Senhor por esses angélicos companheiros.

Fonte: www.presbiteros.com.br