terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Santa” Muerte no México


Arquidiocese pede que os mexicanos se afastem do culto diabólico à “Santa Morte”.

FONTE: Portal COT

O porta-voz da Arquidiocese do México, Pe. Hugo Valdemar, pediu aos mexicanos afastar do culto à chamada “Santa Morte” porque é uma devoção contrária ao cristianismo e se está convertendo na preferida do crime organizado.
Ao declarar ao grupo ACI sobre a detenção do líder desta seita, David Romo “o pároco”, acusado de participar do seqüestro de três pessoas, o sacerdote disse que espera que a justiça mexicana determine a culpabilidade ou inocência de Romo.  ”Seríamos injustos se o declaramos culpado quando ainda espera ser julgado”, explicou.
Entretanto, o sacerdote reiterou seu chamado aos fiéis para que se afastem desta devoção, que tem milhares de seguidores em todo o México, porque se trata de uma crença “supersticiosa e com conotações diabólicas” que lucra com a ignorância das pessoas e “está se convertendo na devoção preferida do crime organizado, dos narcotraficantes e seqüestradores”.
O Pe. Valdemar recordou que Cristo teve que vencer o pecado e a morte, que “é sinal do poder do maligno e sua destruição”. Disse que a seita que lidera Romo “personaliza o próprio demônio, o qual é muito perigoso”.
O padre indicou também que muita gente caiu nesta seita por falta de um maior compromisso evangelizador da Igreja e advertiu que muitos acreditam que a “Santa Morte” é um santo mais, quando “nem sequer é uma pessoa”.
O porta-voz da Arquidiocese do México pediu aos fiéis que destruam as imagens da “santa” Morte e não temam uma vingança porque “o poder de Deus é maior que o maligno”.
David Romo foi detido em 4 de janeiro junto com outras oito pessoas na capital mexicana, acusados de seqüestrar a um casal de anciãos e um homem. Segundo a polícia, este grupo se fazia passar por uma facção do cartel de “Los Zetas” para atemorizar as famílias de suas vítimas e acelerar o pagamento do resgate.
A “Santa” Morte é uma falsa devoção difundida em distintos lugares do México. É representada com uma caveira enfeitada segundo o gosto pessoal dos adeptos. Narcotraficantes, delinqüentes, ex-sentenciados ou seqüestradores se aproximam desta controvertida imagem para pedir pelo sucesso dos seus delitos. Este culto, que gerou grande controvérsia no México, está vinculado a práticas de bruxaria e se intensifica na festa dos Fiéis Defuntos.
Com metralhadoras cruzadas na camiseta e uma estátua de La “Santa” Muerte nos braços, um rapaz se coloca embaixo da imagem de 22 metros da “santa” Morte que se avulta sobre Tultitlán, subúrbio da Cidade do México.
Ela é uma entre várias figuras do outro mundo às quais os mexicanos têm se voltado à medidaque seu país se vê engolfado por todo tipo de dificuldade: seca, um surto de gripe suína seguido de perto por um correspondente colapso no turismo, redução nas reservas de petróleo, crise econômica e, sobretudo, a herança maldita do comércio de drogas ilegais e a assombrosa violência que isso acarreta. Embora, na verdade, o número total de homicídios no México venha declinando de forma consistente nas últimas duas décadas, os crimes cometidos pelos traficantes guardam a persistente marca do horror, desafiando as leis de tal forma que os mexicanos costumam se perguntar se as máfias já não teriam ganhado a guerra contra o Estado.
“As pressões emocionais, as tensões de viver em um tempo de crise levam as pessoas à busca de figuras simbólicas que possam ajudá-las a enfrentar os perigos”, afirma José Luis Gonzáles, professor da Escola Nacional de Antropologia e História, no México, especializado em religiões populares. Entre essas entidades auxiliadoras encontram-se deidades afro-cubanas aportadas nos últimos tempos em novas plagas e foras da lei que se transformaram em milagreiros, a exemplo de um bandido mitológico do norte do México chamado Jesús Malverde. Há inclusive santos do Novo Testamento reconfigurados para que, por meio deles, se atinja não a salvação, mas o sucesso. Nesse universo espiritual em expansão, a devoção a um esqueleto envergando longas vestes e com um alfanje na mão – La “Santa” Muerte – é talvez a que mais cresce, e a mais extravagante. Apesar de busca por explicações por meios geopolíticos, sabemos que a causa principal concentra-se em uma falta de solidez espiritual, em que as pessoas vacilam frente às sugestões do inimigo.
Antes, até pouco tempo atrás, ela era desconhecida pela maioria dos mexicanos. Agora, os altares da “Santa” Muerte já podem ser encontrados por todo o México, nas esquinas e nos lares dos pobres. No coração da Cidade do México, em um bairro onde a vida foi sempre dura, Enriqueta Romero comanda, no primeiro dia de cada mês, uma sessão de preces em louvor ao esqueleto. Enriqueta, uma figura ao mesmo tempo durona, desbocada e maternal, está entre os primeiros e mais efetivos propagandistas de um culto que alguns creem ter se iniciado em pequenas cidades ao longo do Golfo do México, e que agora cobre vasto território por todo o país. Também na Califórnia e na América Central, jovens acendem velas para La “Santa” Muerte e se tatuam com sua imagem. Alguns anos atrás, o Ministério do Interior revogou o registro do culto à santa como religião legítima, sem nenhum resultado. Bancas de jornais vendem vídeos com instruções sobre como apelar para ela, e até intelectuais refinados começam a dizer que a devoção é “muy auténtica“. Os Crentes afirmam que La “Santa” Muerte atende a suas preces – mas somente em troca de pagamento, sendo que esse pagamento deve ser proporcional à magnitude do milagre demandado. A punição por não honrar esse débito com ela é terrível. Eles dizem que sua fé na “Santa” Muerte é mera questão de preferência e não algo nascido da necessidade desesperadora.
Os mexicanos que mantêm fortes laços com a Igreja Católica preferem se voltar a São Judas. Num período em que proliferam situações sem saída, esse santo experimenta uma popularidade ascendente comparável à da “Santa” Muerte, por ser conhecido no catolicismo como o patrono das causas desesperadoras.
O dia oficial de São Judas é 28 de outubro, mas milhares de seus seguidores vão à igreja orar no dia 28 de cada mês. Dezesseis missas são celebradas em sua paróquia desde o amanhecer até a noite, com fiéis se arrastando de joelhos até a estátua do santo para pedir intercessão, ajuda, proteção ou mera sobrevivência. As multidões são tamanhas que a polícia tem de isolar as autopistas em torno da igreja.
Um homem de pele crestada de sol chamado Daniel Bucio suplicou pela primeira vez a São Judas, e há seis anos, diz ele, o santo atendeu a suas preces concedendo à mãe a cura de uma longa e dolorosa doença. Agora, Bucio vai todos os meses a uma igreja colonial de Santo Hipólito, construção que está adernando em razão do solo instável, situada logo atrás da faixa turística do centro histórico da Cidade do México, para agradecer ao santo frente à sua miraculosa estátua, a qual foi doada ao templo 30 anos atrás.
Daniel Bucio gosta muito dessas romarias, mesmo com toda a gente se acotovelando, os ambulantes vendendo comida na rua e o desfile de estátuas de São Judas – algumas tão grandes quanto um homem aguenta carregá-las, outras pequenas, mas dotadas de adereços, como a que ele próprio possui, vestida com um reluzente manto batendo-lhe pelas canelas. Em anos recentes, porém, o deleite com que Bucio acompanha essas peregrinações mensais tem sido perturbado por um número crescente de patotas de jovens mal-encarados de ambos os sexos, ostentando tatuagens e correntes. Esses grupos chegam abrindo caminho aos empurrões no meio da aglomeração, com seus integrantes passando pacotinhos de mão em mão entre eles, em rápidas transações, que parecem ser balinhas embrulhadas. Bucio diz que sabe do que se trata. “Infelizmente um monte desses garotos resolveu aparecer por aqui”, lamenta-se. “Eles conspurcam o nome de São Judas, que não têm nada a ver com essa história de narcotráfico.”
O padre Jesús García, um baixinho e animado membro da Ordem dos Claretianos que oficia muitas das missas em louvor a São Judas, tem consciência de que certo tipo de gente, com jeito de quem pretende ganhar de forma rápida muito dinheiro, vem a essa igreja rezar pela intercessão do santo, mas parece feliz ao salientar que essa nova devoção atravessa todas as ocupações e classes sociais. “Outro dia veio aqui um político me pedir para ajudá-lo a ganhar a eleição. Imagine só!”, exclama ele, abismado, ao mesmo tempo em que esclarece e descarta a inferência de São Judas como um narcossanto. “Dizem que, por exemplo, quando a estátua do santinho está segurando o cajado na mão esquerda, é um sinal de que ele intercede pelos traficantes, e outros absurdos do gênero.” Padre Jesús prefere ressaltar a presença dos novos devotos dotados de fé genuína, que agrada mais a Deus.
Na Palavra de Deus já fomos alertados em diversos momentos quanto às práticas avessas a nossa fé e aos preceitos de Deus. Em Deut. 18, 10-12, nosso Deus não poupa rigor em exortar: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou â invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações.”
São Mateus também adverte sobre os que defendem uma falsa fé: “Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores.” Mt 7, 15
Em Gal. 5, 19-21 São Paulo afirma “Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!”.
Adaptado de:
REDAÇÃO CENTRAL, ACI. <http://www.acidigital.com/noticia.php?id=20917Acesso em 8 de janeiro de 2011.

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